Após a rebelião ocorrida anteontem, à tarde, na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (PAMC), zona rural de Boa Vista, policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) fizeram uma revista na Cadeia Pública de Boa Vista, no bairro São Vicente, zona Sul, e encontraram três aparelhos celulares. As conversas gravadas entre presos da Cadeia Pública e da Penitenciária revelam planos de ataque na cidade, como assaltos a caixa eletrônicos, destruição de ônibus e até morte de policiais.
Em um dos trechos gravados em um áudio do aplicativo WhatsApp, o detento Anderson Maxuelle Dias Mafra, o “Gongo”, afirma para outro preso, Leno Rocha, o “Dimax”, que a “cidade vai pegar fogo” e que o crime em Boa Vista vai evoluir. Dimax também garante que “vai matar policial e causar o terror na cidade” assim que sair da cadeia.Em outra parte da gravação, Dimax fala que até faz questão de passar na TV e completa: “Vamos queimar ônibus e assaltar caixas eletrônicos. Vamos tocar o terror na cidade, vamos evoluir o crime aqui”. “Gongo” finaliza a conversa também garantindo matar, roubar e destruir. “A cidade vai pegar fogo. É nós, é o crime!”, afirmou.
Ontem à tarde, a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que a apreensão dos celulares, durante a revista na Cadeia, ocorreu de forma legal. A Ascom frisou que os aparelhos serão encaminhados à Justiça, que determinará a punição aos culpados. A polícia também pode investigar o caso.
Os dois detentos do diálogo são perigosos, segundo a polícia. Gongo cumpre pena na Cadeia Pública de Boa Vista no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) que, em tese, deveria ser fechado. Dimax está preso na Penitenciária Agrícola. Os dois têm extensa ficha policial, com várias condenações, entre elas umas por assaltos e tráfico de drogas.
Contudo, os detentos fazem ligações telefônicas e até utilizam as redes sociais para planejarem crimes. Em entrevista, ontem, pela manhã, o próprio secretário de Segurança Pública (Sesp), Amadeu Soares, admitiu a vulnerabilidade do sistema, que permite, entre outras coisas, a entrada de celulares nas unidades prisionais.
Na revista de anteontem na Cadeia Pública, os policiais encontraram três celulares com presos do RDD. Ontem à tarde, durante uma nova revista, os PMs apreenderam mais três celulares e uma pequena quantidade de droga com presos do mesmo regime.
A Folha tentou conversar com o diretor da unidade ontem, à tarde, mas um agente penitenciário, que não se identificou, informou que o diretor estava em reunião com policiais do Bope naquele momento, e que por isso não poderia atender à equipe.
O comandante do Bope, tenente-coronel Matos, disse, ontem, à noite, por telefone, que a revista na cadeia foi de rotina e ocorreu dentro do previsto. Ele confirmou que nas duas revistas foram encontrados seis celulares e uma pequena quantidade de droga com os presos do RDD. (AJ)